3 de jan. de 2012

Aviônicos - 8

Dash 80 e B777

50 anos separam os dois. Pode parecer que pouco se evoluiu, mas é necessário se lembrar que nem toda evolução é progresso. Portanto, nem toda evolução é aparente, pode ser evidenciada.


O Dash 80 do vídeo foi o protótipo do B707, aeronave criada na década de 1950 para convencer as companhias aéreas que o avião a jato era seguro e rentável suficiente para substituir os turbohélices e aviões à pistão.

Pensado a princípio para ser um avião de uso militar, de carga e reabastecimento, o KC135 foi convertido para o Dash 80.

Sua autonomia é de 5700 milhas náuticas (pouco mais de 10000 km), a 815km/h, levando mais de 200 passageiros. Como podem ver no vídeo, em comparação com o B777, ele é mais estreito e curto, além de muito mais barulhento e ineficiente (um B777 tem autonomia de mais de 13000km a 950km/h). Porém não existiria um 777 se não houvesse um 707.

Seu uso hoje não é permitido na maioria dos centros urbanos por causa do seu barulho, apesar de ainda ser bravamente imprescindível em aeroportos da América do Sul e África, principalmente como cargueiros.

Alguns B707 brasileiros protagonizaram grandes acidentes. O mais memorável e misterioso foi o do cargueiro prefixo PP-VLU, que sumiu na costa japonesa em 1979 após decolar, sem deixar qualquer vestígio, vitimando sua tripulação. Saiba mais no blog do Sergio Chimelli

Outro, tão trágico, foi de outro cargueiro (707-349C) prefixo PT-TCS, da Transbrasil, que caiu na aproximação oeste de Guarulhos em março de 1989, matando 21 pessoas (tripulação mais moradores da favela onde caiu).

Este B707 PT-TCS havia sido operado por mais de 20 operadoras diferentes ao redor do mundo durante seus 23 anos de vida (da El Al, de Israel a Lybian Arab, do Líbano), além de ter sido utilizado para as filmagens externas de "Airport", famoso triller de suspense dirigido por George Seaton e estrelado por Burt Lancaster, Dean Martin, Jean Seberg, Jacqueline Bisset e George Kennedy em 1970.


Incidente insólito mesmo foi com o B707 prefixo PT-TCP, também da Transbrasil. Pouco antes da aproximação a Guararapes-PE, um dos quatro reatores apagou, forçando a tripulação a pousar com apenas os outros três. Porém, ao procurarem a causa do desligamento do motor não acharam. Justamente porque o motor não estava mais lá, havia caído numa fazenda do município de Moreno-PE, 25km de distância do Aeroporto.

A excentricidade do fato se agrava pela forma que o próprio avião se trasladou somente com os motores restantes entre Guararapes e Brasília, onde encontraria condições de ser reparado. Como Guararapes é um aeroporto internacional e tem uma pista de 3300m, a decolagem deve ter ocorrido com tensão moderada por parte da tripulação. Se fosse em qualquer outro aeroporto no NE a mesma seria muito mais arriscada.

Leia mais sobre esse incidente no excelente blog do Lito


Ainda houve outro triste acidente envolvendo um B707 brasileiro (Varig, PP-VJK) na Costa do Marfim, mas esse eu deixo para o Lito contar com riqueza de detalhes: http://www.avioesemusicas.com/aviacao/pp-vjk/

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